Reinvenção de uma fábrica histórica
Quando uma linha de produção automotiva é desativada, o destino habitual dessas instalações costuma ser o abandono. Ambientes outrora cheios de vida tornam-se silenciosos, com vidros quebrados, pintura descascando e apenas vigilantes patrulhando os vastos galpões vazios. Em Flins, a 40 quilômetros de Paris, esse cenário mudou radicalmente. Embora a produção de veículos Renault tenha sido encerrada em 2023, o espaço ganhou um novo propósito.
A Renault está transformando o complexo de Flins em um dos maiores centros expositivos da indústria automotiva, com previsão de inauguração total até 2027. O projeto, batizado de “Renault Collections”, reunirá mais de 800 veículos, 10 mil desenhos de design e cerca de 3 mil obras de arte, traçando quase 130 anos de história da montadora e sua influência cultural.
Preservação da identidade e celebração do legado
Para o CEO da marca Renault, Fabrice Cambolive, o objetivo é claro: “Precisamos de um espaço que mostre ao mundo não só nossa trajetória industrial, mas também nossa contribuição para a cultura e a vida em sociedade”. Desde 1952, mais de 18 milhões de veículos foram montados em Flins, entre eles clássicos como o Dauphine, Renault 4, Renault 5 e o popular Clio. O modelo elétrico Zoe também teve papel importante na transição energética da montadora, sendo produzido nesse mesmo local.
O edifício, segundo Cambolive, é por si só um símbolo: “A fábrica é uma obra de arte arquitetônica”. O arquiteto Jacob Celnikier está encarregado de preservar as linhas ascendentes e o estilo industrial original da estrutura dos anos 1950, adaptando-a para sua nova função cultural.
SUV Rafale: inovação com propósito pacífico
Enquanto olha para o passado com o projeto “Collections”, a Renault também avança no futuro com o lançamento do SUV-cupê Rafale. Nomeado em homenagem a um carro recordista da Renault de 1934, o novo modelo nada tem a ver com o avião militar francês de mesmo nome, produzido pela Dassault. Pelo contrário, o Renault Rafale foi desenvolvido exclusivamente para fins civis, com enfoque sustentável, sendo alimentado por energia elétrica e, eventualmente, por eletricidade gerada por fontes nucleares — considerada “verde” em diversos países da União Europeia.
Desempenho híbrido e autonomia urbana
O Rafale é atualmente o único veículo de passeio da Renault disponível na versão híbrida plug-in, após o Mégane ter sido transformado em modelo 100% elétrico. Com uma bateria de 22 kWh, o SUV pode atingir até 100 km de autonomia segundo o ciclo WLTP. Na prática, os testes registraram entre 75 e 80 km por carga, mesmo em temperaturas elevadas, o que permite cobrir com tranquilidade as rotas diárias durante dois dias sem emitir poluentes locais.
Design arrojado e funcionalidade elevada
O modelo testado, na versão topo de linha Atelier Alpine com tração integral E-Tech 4×4 de 300 cv, tem preço inicial de € 55.260, podendo chegar a € 60.420 com todos os opcionais. Com 4,71 metros de comprimento e 2,74 metros de entre-eixos, o Rafale compartilha dimensões com o Renault Espace, mas traz um design mais esportivo e aerodinâmico.
Um diferencial do Rafale é o porta-malas: a versão híbrida oferece capacidade entre 539 e 1.826 litros, superando o Espace de cinco lugares em algumas configurações. O chefe de design da Renault, Laurens van den Acker, utilizou linhas geométricas acentuadas e proporções cuidadosamente calculadas para esconder o volume da carroceria e oferecer um visual elegante e moderno, quebrando a imagem tradicional dos SUVs altos e pesados.
Renault entre tradição e inovação
Com a renovação da antiga fábrica e o lançamento de um modelo sofisticado e alinhado com as exigências ambientais atuais, a Renault mostra como tradição e inovação podem caminhar juntas. A marca francesa não apenas celebra seu passado industrial, mas também reafirma seu compromisso com um futuro mais sustentável e conectado ao público.